CARLOS CALDAS EM ENTREVISTA

O Treinador principal do Boxe Boavisteiro, que acumula o cargo de Director do Departamento, concedeu-nos uma entrevista que postamos de seguida. Esta entrevista foi igualmente publicada no Blog Pantereas_3.

O seu nome e idade?

Carlos Caldas, 52 anos.

Há quanto tempo está ligado ao Boxe do Boavista?

Pelo menos, há 25 anos.

Desde que está no Boavista, é só conquistar títulos. Podia dizer quais são os titulos ganhos, até ao momento?

Sim. Destes 25 anos em que cá estou, não tenho já a certeza deles. Mas nos últimos 11 anos, ganhamos, aí, à volta de 9 títulos.

A direcção tem ajudado a suportar os custos desta modalidade?

Neste momento, a direcção, não consegue ajudar o boxe. Mas ajuda-nos, ao facultar-nos o espaço, dá-nos a luz, a água. O resto, fica ao encargo do boxe, da dimensão que vamos tendo.

Os nossos patrocinadores, o nosso trabalho e vamos conseguindo como trabalhar, ao ponto de conseguirmos os títulos, realmente. Que neste momento, é a modalidade que mais títulos dá ao clube.

Nós também sabemos que a direcção neste momento, não pode. Em 2003, e eu estou a par dessa situação,( não era eu que estava à frente, era o Sr. Pinto Lopes) sei que o Boavista dava 4 mil euros, para a secção anualmente. Neste momento não pode, e nós temos que suportar a modalidade.

Quantos atletas praticam boxe no Boavista, neste momento?

Neste momento, temos uma média de 20 atletas a competir. Pela minha manutenção, criamos atletas todos os anos.A nossa época é de Janeiro a Dezembro e eu vou inscrevendo atletas, gradualmente, conforme as provas. ÀS vezes chego a ter 30 atletas a jogar.

Como foi possível criar estas instalações novas?

Foi possível com o meu carinho, o meu trabalho, com o meu gosto, a minha dedicação, a paixão que eu tenho pelo boxe. E com muitas ajudas de pessoas de fora, consegui montar o ginásio.

Cresceu Ás minhas custas porque, é como eu digo, o Boavista neste momento não me ajuda, mas sei que se pudesse ajudava.

Existe neste momento, muito mais qualidade de treino, que pode levar a muitas mais vitórias?

Sim. Desde os tempos do Sr. Pinto Lopes, que deixou os métodos de trabalho, era ele que geria a secção de boxe. Portanto, o boxe era uma base do trabalho dele, da técnica dele.

Neste momento, eu tenho outra mentalidade, tenho outra forma de trabalho onde , realmente é um boxe mais competitivo nacional e internacional.

Sei que se entende muito bem no trabalho com o Pedro Barbosa.

Vê este trabalho conjunto pelo boxe do Boavista, como uma grande dupla?

Sim. Neste momento é a pessoa que me está a ajudar. Aquilo que eu sei, estou a transmitir-lhe. É o meu braço direito, no fundo. Sozinho, não conseguia suportar a secção.

Como correu a época desportiva?

Foi uma época melhor do que a anterior. E foi uma época em que ganhamos quase tudo. Fomos campeões nacionais, ganhamos a Taça de Portugal, acho que isso é o máximo que pode haver num clube, conseguir as duas provas no mesmo ano.

Expectativas para esta época?

Iniciou-se o campeonato de juniores e femininos. Femininos, ficámos em terceiro lugar. Podíamos ter ficar em primeiro, mas como houve uma atleta que foi vencedora, mas não contou para a pontuação. Se ela pudesse jogar, éramos campeões. Portanto, penso que se vai trabalhar para atingir os objectivos do ano passado.

O boxe do Boavista passa por dificuldades?

Não são, assim, muitas, porque eu tento, sempre, que não falte nada aos atletas. A nível de roupas, a nível de material. Bato a muitas portas, pessoas que me ajudam e faço com que eles se sintam, como se sentiam à sete anos atrás. Mas tenho conseguido.

Mas se realmente o Boavista me ajudasse, quer dizer, isso era muito moderno e eu escusava de andar a pedir. Quer dizer, custa-me mas tenho realmente que pedir, tenho que pedir porque é uma forma de eu suportar a secção. Senão, não conseguiria.

Podia falar, um pouco, individualmente sobre cada atleta?

É um bocado complicado. Porque os atletas, para mim, são todos iguais. Uns são melhores, uns são piores, mas para mim são todos iguais. Eu treino-os para que, cada prova que tenham, que a ganhem, não é? Tanto faz que seja o Zé, como o Fernando, como o António. Para mim são todos iguais.

O que sente ao treinar um grupo de campeões?

Sinto-me super bem, porque é uma paixão minha, desde miúdo, desde os 13 anos. Então para mim, uma vitória deles, é um dia de anos, é uma prenda que eu recebo no dia a dia.

Podia falar um pouco, sobre a História do Boxe do Boavista?

A História não podia ser melhor. É o clube que mais títulos tem, portanto, a historia do boxe não poderia ser melhor, não é? Porque cada ano que passa, nós tentamos sempre procurar sermos campeões. Porque o fundamental de cada ano é sermos campeões.

Considera que o boxe é um desporto violento?

Para mim não. Para as pessoas que não conhecem, não acompanham o boxe, é.

Para mim e para as pessoas que acompanham o boxe, é uma nova arte, em que é jogada como outro desporto qualquer. Agora é preciso aprender o boxe. Não se pode por um atleta em cima do ringue, sem perceber nada. Isso é um saco para que o adversário vá lá bater.

Quando sabem e sobem acima de um ringue, sabem uma nova arte. Que é pontuar, como se chama no boxe. Quantos mais pontos, perde-se.

Portanto, realmente, quando se sabe pontuar, quando se sabe jogar boxe, é fácil.Assim é realmente um atleta completo.

Pensa que o boxe já tem a dimensão que devia ter em Portugal?

É assim, não tem as dimensões que eu gostava que tivesse , mas a federação não está a trabalhar em pleno. São problemas, que eu desconheço. Falta uma selecção. Todas as modalidades tem selecção. Os atletas quando fazem uma competição internacional tem que pagar, portanto, com os corpos. E isso é mau para que o boxe ande para a frente.Sem alta competição, o boxe, aqui adormece um pouco e não pode ir para a frente. A alta competição faz com que o boxe ande para a frente.

Podia falar um pouco sobre as vitórias que tiveram lugar em Arcozelo?

Sim. Foi uma daquelas galas, em que só podemos dizer que, não podia ser melhor. Tivemos o Bruno Silva, na categoria 64 kg, ganhou sobre o atleta do Limite do Corpo. Jogou boxe, fez um grande combate.

No segundo combate tivemos o Ricardo Maganinho, na categoria 69 kg, onde jogou contra um atleta que nunca tinha perdido, um atleta espanhol, Bi-Campeão Nacional em Espanha. É um atleta de alta competição, da selecção.

O Ricardo Maganinho, posso dizer com os meus conhecimentos, que quase brincou com o atleta. Jogou de tal forma bem, jogou inteligente, jogou com as pernas, jogou com as mãos. Portanto é um atleta que, só não gosta de um combate daqueles, quem não percebe mesmo nada, nada de desporto. E então quem foi ver, foi um combate por excelência.

Enquanto que o Jorge Jeremias é um atleta que é profissional, com a fama de representação do Boavista. É o atleta que mais títulos entregou ao Boavista, foram 7 títulos nacionais. E realmente conseguiu os objectivos dele, que era ser Campeão do Mundo TWBA e então, na altura conseguiu ganhar a um atleta que não era nada fácil. Chegou ao fim dos dez assaltos com o seu objectivo, que era ganhar.

Uma mensagem a todos os adeptos e a quem tiver interesse em conhecer melhor esta modalidade

Acompanhem mais a modalidade. Se quiserem ver os treinos, podem vir ao espaço. Fica no parque de estacionamento da bancada nascente e é assim.

Eu não posso dar mais conhecimento aos adeptos , porque se eles acompanharem os sites dos atletas, tem sempre a informação dos combates, quer se ganhe ou se perca. Quem procurar nos sites do Boavista, vê que a secção está a trabalhar bem.